Abaixo, um guia detalhado do que você precisará para enfrentar uma separação
Há quem diga que desfazer uma união é mais trabalhoso do que construir uma porque, geralmente, existem muitas feridas e decepções envolvidas em um relacionamento que chegou ao fim. Pensando nisso, separei algumas orientações que vão te ajudar a passar por esse momento de maneira mais preparada e segura, antes mesmo de assinar os papéis.
É claro que nem sempre essa preparação, antes do divórcio, será possível. Por exemplo, há casos de abuso ou violência doméstica que levam mulheres a se separarem imediatamente, sem dar tempo de prepararem-se devidamente para esse rompimento. No entanto, se você ainda está na fase de pensar no fim antes de pedir a separação definitiva, há aspectos fundamentais a serem considerados.
1 – Primeiro passo: consulte uma advogada. Procurar um profissional de confiança é fundamental para que seus direitos sejam preservados. Caso o divócio seja amigável, todo o processo entre você e seu ex pode ser gerenciado pelo mesmo advogado ou advogada.
No entanto, é importante que seja uma pessoa de confiança e, de preferência, que não seja um profissional que é amigo do seu marido ou até mesmo amigo seu, por segurança jurídica. Isso não significa que o advogado que for amigo do seu marido vá cometer alguma irregularidade ou trapacear para te prejudicar, mas, às vezes, devido à relação de amizade, pode ser que alguma coisa importante deixe de ser comunicada e, assim, você acabe prejudicada.
Então, mesmo que vocês façam tudo com único advogado, busque também uma segunda opinião, uma profissional que possa te posicionar sobre todos os seus direitos. Considerando tudo isso, tenha em mente a importância de manter a calma. Às vezes, na intenção de resolver logo toda a situação de separação, você pode acabar assinando um acordo que é prejudicial para você e que, lá na frente, você vai perceber que não foi um bom acordo. Então, aja com paciência e seja cautelosa.
2 – Onde morar: sua separação pode ser amigável ou litigiosa, ou seja, pode se dar com um acordo pacífico entre as partes ou através de processo correndo na Justiça. Independente do caso, você precisará pensar em alguns pontos como, por exemplo, moradia. Onde você vai morar? A casa onde vocês moram hoje é uma casa de aluguel? Você teria interesse de permanecer nessa casa? Essa casa vocês compraram durante a relação de vocês, ou antes? Como é a documentação dessa casa? Você precisa pensar nesses aspectos de moradia, especialmente se vocês tiverem filhos.
3 – Conheça a realidade antes do fim: é muito importante que você conheça a realidade financeira da sua família com mais detalhes possíveis. De quanto vocês precisam para se manter, você e seus filhos? Quais são as despesas de vocês? Percebo no atendimento das minhas clientes que muitas mulheres, mesmo aquelas que têm emprego e renda própria, não conhecem a realidade econômica da família porque a administração financeira da casa é feita pelo marido. Conheça o patrimônio do casal, se você se casou em regime de comunhão parcial de bens, que é o mais comum de todos os regimes de casamento, os bens adquiridos após o casamento deverão ser partilhados entre os cônjuges. Muitas mulheres não têm conhecimento sobre quais os bens adquiridos durante a relação, e isso também inclui os bens que existem na residência, já que eles também serão partilhados.
A questão é que é comum que a mulher, em um momento de nervosismo na separação, porque foi vítima de uma violência ou descobriu uma traição, saia de casa sem saber de nada e, quando entra no processo de divórcio, acaba não tendo noção das coisas que existem na casa. Às vezes, quando chega o momento de fazer a divisão dos bens que existem no imóvel, o ex-marido já se desfez de tudo e ela ficou sem nada porque não tinha ciência dos bens que faziam parte da residência.
Se vocês têm imóveis, carros, aplicações financeiras ou algum dinheiro guardado, é importante que você saiba qual o tamanho desse patrimônio, investigue, levante informações, junte o máximo de documentos possíveis, como notas fiscais, fotos e extratos bancários. Mande tudo isso para um e-mail seu de segurança para que você tenha tudo isso guardado e, assim, facilite sua vida nesse momento de fim de relacionamento.
Esse aspecto também é importante caso vocês tenham filhos uma vez que, baseado no poder aquisitivo do pai e da mãe, e das despesas da criança, é que é definida a pensão alimentícia.
4 – Prepare-se financeiramente: separar também custa dinheiro. Caso seja litigioso, será um processo longo e muito mais caro do que o processo amigável. Aqui entra, mais uma vez, a importância do seu planejamento financeiro porque vocês terão despesas para pagar como advogada e custos com cartório para emitir documentos. É claro que, dependendo da sua situação financeira, existe o benefício da justiça gratuita, mas alguma despesa você acabará tendo.
Outro aspecto importante é como se dará o seu sustento após o divórcio. Você tem uma profissão? Você trabalha? Caso você não trabalhe atualmente, como funcionaria sua recolocação no mercado de trabalho? Qual será sua renda caso você se separe?
É importante que você tenha ciência de que seu padrão de vida provavelmente mudará a partir do divórcio. Com apenas seu salário para manter a casa, suas despesas básicas e de seus filhos (caso os tenha), pode ser que você seja impelida a morar em outro lugar, mais barato. Uma opção é pensar em coisas que você pode tirar da sua vida e do seu orçamento, ou que você não precisa naquele momento. É importante que você se organize financeiramente para fazer uma reserva de emergência por pelo menos alguns meses antes da separação e, assim, você possa recomeçar a sua vida de uma forma mais tranquila financeiramente.
5 – Prepare-se emocionalmente: Além do aspecto jurídico e financeiro, é muito importante que você se prepare emocionalmente para essa fase porque esse é um momento muito delicado. Geralmente existem ânimos alterados, feridas e mágoas. É comum que a outra parte esteja com raiva ou nervosa e muitas vezes acontecem trocas de ofensas. Você precisará encarar um processo longo, possivelmente com audiências, envolvimento de testemunhas e documentos. Muita coisa acaba envolvida ao mesmo tempo, então, você precisa estar preparada emocionalmente para isso e, assim, viver este momento da forma menos traumática e menos dolorosa possível para você e, em caso de filhos, para eles também.
Se for o caso, procure um acompanhamento psicológico. Se você não tiver condições de custear isso, existem universidades que prestam esse serviço de maneira gratuita por meio do curso de Psicologia para pessoas que estão necessitando. Você pode procurar esse tipo de serviço que certamente te ajudará a passar por essa fase. É possível também investir em leituras, livros e materiais que podem te ajudar, sem contar que existe muito conteúdo na internet, cursos gratuitos e pessoas auxiliando mulheres e crianças nesse momento. Portanto, se fortaleça emocionalmente e vá em frente.